Você sabe fazer perguntas?
Já parou pra reparar se as suas perguntas são causa das suas respostas? O que você costuma questionar por aí? Que tipo de conversa tem consigo mesmo? Sabe quais são suas referências?
Um dos grandes aprendizados do meu tempo de trabalho CLT no mundo corporativo foi: fazer as perguntas certas. Nada te prepara para uma sala de reunião cheia de líderes ansiosos por respostas que muitas vezes não poderemos dar com precisão. É como ser atirada aos jacarés e precisar sair da água sem ser devorado.
Sempre fui uma pessoa questionadora, mas com o tempo percebi que saber perguntar é parte intrínseca à resposta. Imaginemos assim: você e um amigo estão tomando sorvete e você o questiona: “Está bom?” e ele te responde que sim, está ótimo. O que você pode afirmar a partir disso? Que o sorvete é bom? Que está gostoso? Eu te digo que não. Vamos lá…
Bom pra quem? eu te pergunto… O que é “bom” pra você? Você sabe do que o seu amigo gosta pra conseguir ao menos ter uma referência do que pode ser o “bom"? Será que ele gosta de sabores muito doces ou mais ácidos? Da minha perspectiva a única coisa que você pode afirmar é que seu amigo achou o sorvete dele bom.
Na faculdade de arquitetura tínhamos uma disciplina de história da arte e em uma das aulas questionávamos “O que é o belo?”. Afinal, porque todo mundo teria a mesma referência do que é a beleza? O que é bonito pra mim, pode não ser bonito pra você. De onde será que tiramos esse conceito universal de beleza?
Atualmente, nessa vida viajante é comum que as pessoas peçam dicas de lugares, experiências, perguntem sobre dinheiro, sobre perigo e afins… Eu costumo ter muito cuidado em responder qualquer uma delas pelos motivos que exemplifiquei acima.
Qual é nossa referência? Se eu te indicar um passeio de 4 dias de trilha você faria? Pra mim é maravilhoso, mas pra você pode ser a imagem do terror. O que é caro ou barato? O que é legal, divertido, chato? O que é bom ou ruim? O que é perigoso pra você? Ao que estamos dispostos? A verdade é que fazer perguntas mais claras envolve um trabalho anterior necessário: o se conhecer, o ter referências, repertório. Saber quem sou eu e quem é o outro que me comunica. Me aprofundar..
E sabe o que a maioria dessas perguntas “comuns” tem em comum? Um grande juízo de valor. E aceitar o bom, o melhor, o pior, o bonito, o feio, o legal ou o chato é aceitar um valor que não necessariamente é o nosso. É admitir que estamos seguindo uma imposição que nem sabemos de onde vem.
As pessoas querem responder perguntas profundas como “Quem sou eu” mas não sabem dizer o que consideram bom ou ruim.. Se pergunte aí
Será que meus medos são meus mesmos, ou eu só absorvi o que é considerado “perigoso” pelos outros? O que eu acho que é ser uma pessoa legal? O que é “viver bem” pra mim? O que eu considero como “boa qualidade de vida”? O que eu considero felicidade? Será que meus objetivos são meus mesmo ou será que eu só absorvi uma ideia que já está muito difundida de onde é preciso chegar?
Não existe resposta certa. Existe a resposta que a gente se dá, a partir das perguntas que a gente se faz.
E por isso te pergunto: você faz as perguntas certas?
Com amor,
Lex.