Quando eu comecei a compartilhar meus textos no instagram, no início de 2020 por incentivo de amigos do trabalho, o que eu mais tinha era medo. Não saberia lembrar se era um medo de me expor e ser criticada ou se era medo da indiferença, e daquilo que eu tivesse a compartilhar não servir para ninguém, mas parecia medo.
Já posso dizer (hoje) que não foi nada disso que aconteceu né… Essa não é uma história de como eu cresci nas redes sociais, ou como isso mudou a minha vida, porque eu percebi que na verdade eu não estava com medo. O que eu tinha era vergonha. E o que de fato aconteceu foi: eu me senti exposta.
O meu primeiro post no Lexico foi esse:
e a partir dele eu sentia como se estivessem me lendo por dentro. Foi um desconforto imenso, estranho… e momentâneo… durou no máximo os primeiros 4 ou 5 posts e passou. Depois comecei a ver pessoas se identificando com aquilo que eu sentia, e pessoas que além de identificadas se sentiam acolhidas pelas palavras que elas talvez não tivessem encontrado dentro delas para o mesmo sentimento.
Alguns meses mais tarde me vi outra vez confrontada com um novo começo. Um novo trabalho corporativo, e uma nova função na empresa. Novamente tive medo. Será que eu vou dar conta? Que tipo de experiência eu tenho para assumir um lugar desse? Foi extremamente desconfortável, mas novamente, no primeiro mês. Depois passou. Vi que as tarefas que pareciam muito monstruosas na minha cabeça eram mais tranquilas na prática, vi que os grandes chefões também não sabiam tão bem assim o que estavam fazendo e no final era um grupo em ação.
Durante os próximos passos da vida, fui apresentada outras diversas vezes com situações desconfortáveis e desafiadoras, mas que sempre sempre, passavam. Achava que era o medo falando comigo mas não era. Era o desconforto. E eles não são a mesma coisa. Bancar o desconforto de novas decisões ou novos momentos é sempre uma tarefa um tanto desafiadora, afinal quem é você ali? É como estar lidando com uma tarefa imprevisível, como saber o resultado, o processo e etc, se eu nunca estive naquela situação? E não, não tem uma resposta, sinto informar. A resposta é não sei.
Quando sai do Brasil foi desconfortável desmontar a minha casa, dar tchau para a minha família, me ver em lugares nunca antes visitados apenas comigo mesma. O desconforto nunca passou. Sabe o que mudou hoje em dia? Eu já sei que ele vai passar. Porque já passei por ele muitas vezes e vi que passou. Eu ainda tenho medo, ainda tenho vergonha e ainda me sinto exposta. Mas como vi que tudo isso passa depois do primeiro passo, confio em fazer tudo outra vez sempre que quiser mudar uma rota.
Esse mês eu escolhi mudar mais uma vez. Criar uma nova rota na minha vida e não estou falando de mudar de ares e sim de fazeres. Resolvi começar a conduzir minha própria oficina de sentir, criar um espaço e um momento de encontro entre aqueles que sentem falta desse movimento na vida cotidiana. Um lugar pra gente acessar nosso interior, nossa arte, nosso silêncio, nossa calma. Um lugar pra não precisar ter resultado.
Contar tudo isso pra vocês me traz sim um breve desconforto, novamente me sinto exposta, mas também me sinto tão feliz e tão confiante. E sabe, outra coisa que eu aprendi caminhando por esse mundo, é que sempre há algo de semelhante e conhecido no desconhecido, e que pra apaziguar toda a turbulência da mudança, a gente pode sempre começar por lá.
Escolhi compartilhar essa novidade com vocês primeiro, porque vocês são o meu conhecido e confortável dentro de todo esse novo oceano. Em breve compartilharei mais detalhes em vídeo e abrirei as vagas pro primeiro grupo. Obrigada por caminharem comigo e me darem força para novos passos.
Que esse processo possa ser sempre o que nos faz mover. Saber que há novo no velho e velho no novo, que a vida é um ciclo e que eu inspiro vocês porque vocês me inspiram.
O desconforto é sempre momentâneo. Não esqueçam.
Beijo,
Lex.