Meus guias espirituais chamam a minha psicóloga de “a moça que cuida da minha cabeça” rs. Acho fofo e não tenho dúvidas, é pra isso que eu pago terapia rs. Brincadeiras à parte, ter alguém que olhando de fora te ajuda a dar contorno para algo é um belo investimento. E então, durante minha sessão semana passada ouvi ela dizer:
“Alé, você percebeu que tudo o que você comentou agora envolve manutenção?”
clic. era essa a palavra que estava buscando há dias. eu amo quando ela faz isso.
Eu não comecei esse ano criando nada. Nem plantando, nem colhendo.
Eu comecei me recolhendo.
Eu precisava de espaço pra limpar, respirar, silenciar, aproveitar, viver e rever. Precisava de tempo só meu, tempo de não fazer sentido. Observar com atenção aquilo que já havia sido concretizado e aquilo que já não queria mais realizar (porque as vezes a gente não “desiste” de algo, a gente simplesmente mudou de ideia e tá tudo bem). Era tempo de entender se o caminho que eu queria seguir ainda era o mesmo ou havia chegado a hora de um detour.
Me retirei das redes, de grandes socializações, das minhas próprias ideias inventivas e de produzir qualquer coisa. Fui “apenas” viver. Prestar atenção no presente. E como sempre, a vida muito sabiamente me trouxe para um lugar onde eu poderia ver com os meus próprios olhos o que isso significava.
O trabalho na fazenda em que vivo atualmente no interior da Albânia me conecta com a frequência de manutenção diariamente.
É fim de inverno e isso significa temporada de limpeza e plantio. De consertar o que foi danificado durante uma longa estação dura. De plantar novamente aquilo que queremos seguir colhendo daqui alguns meses e também de construir novas estruturas para melhorar nossa vida. Manutenção.
Dá um trabalho danado. Plantar não é tão simples quanto cavar um buraco na terra e colocar uma sementinha. É preciso limpar a terra antes, retirar ervas daninhas que se alastram fundo, buscar nova terra com mais matéria orgânica (adubo) em outras partes, remexer a terra atual e enfim fazer um novo buraco, plantar e regar.
Regar. Manutenção. Cuidar com as ervas daninhas para não crescerem. Manutenção.
Estamos tão acostumados a ouvir as analogias do tempo de plantar e tempo de colher que esquecemos do tempo de regar. Curiosamente, o plantio é um ponto. A colheita é outro ponto. O regar é o caminho.
Não parece curioso também que sejamos uma sociedade tão avessa a processos? Nos desconectamos dos ciclos da natureza, dos tempos e das tarefas que ela demanda para nos oferecer frutos. Esquecemos que há tempo pra tudo. Não é coincidência.
Atualmente é tempo de manutenção aqui nas minhas terras. Dedico tempo e energia aos projetos e relações que quero manter, reorganizo aquilo que deixei de lado mas quero retomar, jogo fora aquilo que não preciso continuar carregando e assim também deixo minha vida e minha mochila mais leve.
E ah, não, um fim de semana não é suficiente para essa manutenção, só pra clarear. Por aqui fiz aniversário de 3 meses, uma estação inteira. Cada um no seu tempo, mas olhe bem ao redor, já viu uma flor dar frutos em 2 dias? Alguma espécie animal parir em 2 dias? Não dá. A gente continua sendo parte da natureza ainda que tenhamos fugido para as cidades, importante lembrar.
Amanhã é ano novo astrológico e só então um novo ano de fato. Aos que já fizeram sua manutenção desejo lindos novos plantios e boas surpresas. Aos que ainda precisam preparar o terreno, não hesitem em começar, é surpreendentemente delicioso remexer a terra.
Espero que minhas analogias cheguem com carinho, intenção e clareza pra vocês e que a gente possa cada vez mais nos reconectar com os ciclos que também são parte intrínseca do ser humano.
- quer ajuda no seu processo de manutenção? vem encontrar comigo em março ✍
um bêjo
Lex